A Universidade Feevale foi pioneira ao lançar, em 2014, o primeiro mestrado em Indústria Criativa do País e, nesta quinta-feira, dia 24 de setembro, será pioneira mais uma vez. Neste dia, acontece a banca do mestrando Mauricio Barth, que apresentará a dissertação Da criatividade à indústria criativa: Proposição do modelo Clio e sua aplicação no curso de jogos digitais. Após ter seu trabalho aprovado, Barth será o primeiro mestre em Indústria Criativa do Brasil. A apresentação, pública, será a partir das 10h, no auditório da Reitoria, no prédio Lilás, Câmpus II.

O trabalho propõe um modelo de avaliação de cursos de graduação com o qual possa ser aferido o seu potencial em formar profissionais para atuarem nos setores da Indústria Criativa. Batizada de Clio, em referência à deusa grega da criatividade, a ferramenta foi aplicada no curso de Jogos Digitais da Universidade Feevale. Barth denominou de “vetores” os três parâmetros de avaliação utilizados no modelo, que são: PPC - Projeto Pedagógico Curricular, Professores do curso e Alunos regularmente matriculados. 

Os três vetores foram analisados qualitativa e quantitativamente, por meio de entrevistas, grupos focais e questionários. No vetor PPC, foram estudadas as ementas das disciplinas, por exemplo; no vetor Professores, os docentes participaram de entrevistas semiestruturadas; e no vetor Alunos, 116 acadêmicos responderam a perguntas sobre o curso. A independência dos resultados das análises do PPC e dos professores é um dos diferenciais do trabalho, pois pareceristas externos também contribuíram com as avaliações.

Além da criação dessa nova metodologia, a dissertação a colocou em prática, ao utilizar um curso da Feevale como objeto de estudo. E aí os resultados também foram muito satisfatórios: concluiu-se que o curso de Jogos Digitais possui destacado potencial formador da criatividade e considerável preparação para a atuação de seus alunos nas áreas que compõem a Indústria Criativa. Tais considerações podem ser confirmadas por meio da opinião dos respondentes, tanto nos questionários preenchidos quanto nas respostas obtidas através das entrevistas pessoais realizadas. 

De acordo com Barth, apesar de ter sido criada na Feevale e ter utilizado um curso da Universidade hamburguense como objeto, a metodologia pode ser aplicada em diversos cursos, inclusive de outras instituições. O futuro mestre destaca a interdisciplinaridade da pós-graduação. “A participação no mestrado me oportunizou uma série de benefícios, como as discussões valiosas propostas pelos professores e a troca de experiências com os colegas, pois, como se trata de um curso interdisciplinar, temos a oportunidade de dialogar com mestrandos das mais diferentes áreas criativas”, declara.

Conforme o orientador do estudo, professor Cristiano Max Pereira Pinheiro, embora o mestrado em Indústrias Criativas ainda esteja sendo consolidado, formando a primeira turma, há a expectativa de que se possa fornecer bons resultados para o setor criativo, que de certa forma, é frágil, ainda, em estudos no Brasil. “O trabalho do Mauricio propõe que façamos não apenas uma análise pedagógica dos cursos de graduação, mas também que possamos dizer se eles são condizentes com o mercado da indústria criativa, levando em conta o seu potencial tanto em relação a produtos quanto a negócios. O estudo mostra que deve haver um equilíbrio entre os professores e acadêmicos dos cursos: os alunos devem se sentir desafiados a criar, já os professores, a ensinar. E se esse balanço não existe, é sinal de que algo deve ser feito”, explica.

Para o coordenador do mestrado em Indústrias Criativas, professor Dusan Schreiber, a defesa pública do primeiro trabalho de conclusão do curso simboliza, ao mesmo tempo, uma conquista institucional e regional, além do avanço na consolidação do modelo de desenvolvimento econômico e social, fundamentado em uma nova matriz produtiva local do Vale do Rio dos Sinos. “As pesquisas oferecem contribuições relevantes para o aprimoramento dos modelos de gestão dos negócios do setor, que foi eleito como prioridade na concepção de políticas públicas de estímulo ao empreendedorismo, na maioria dos países, independente do seu grau de desenvolvimento. Este trabalho é o primeiro de muitos que deverão inserir a Universidade Feevale não apenas no cenário regional ou estadual, mas nacional e internacional”, comemora.