Professora do curso de Psicologia da Universidade Feevale Charlotte Beatriz Spode explica sobre o conceito e como começar a desenvolver este conjunto de competências
As competências socioemocionais estão, ao lado das cognitivas (capacidade de adquirir conhecimentos e interpretar a partir desse conhecimento), entre as mais importantes habilidades a serem buscadas pelo profissional, qualquer que seja sua área de atuação, conforme destacado no relatório El Trabajo de la OCDE sobre Educación y Competencias, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)*. Nesse sentido, a inteligência emocional ganhou destaque em um mundo do trabalho pós-pandemia, em que muitos profissionais precisaram se transformar e se reinventar.
De acordo com a professora do curso de Psicologia da Universidade Feevale, Charlotte Beatriz Spode, a inteligência emocional é um conceito desenvolvido pelo psicólogo Daniel Goleman, que pode ser definido, resumidamente, como a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as nossas emoções e sentimentos, assim como fazer isso em nossa relação com os outros. Esse conceito tem cinco pilares fundamentais. São eles:
- Autoconhecimento: é ser capaz de reconhecer quais são as emoções que estão passando por nós em um dado momento e nomear essas emoções
- Autocontrole ou gerenciamento: a capacidade de desenvolver o autocontrole, ou o gerenciamento das emoções, a partir do autoconhecimento
- Automotivação: é quando se encontra motivos para fazer o que se está fazendo ou manter as relações que se está mantendo
- Empatia: muito se fala na habilidade de se colocar no lugar do outro, mas, do ponto de vista das organizações, empatia é, também, a capacidade de se abrir para as experiências que o outro nos coloca e tratar esse outro como um ser humano, não como uma máquina ou um recurso
- Habilidade social: capacidade de lidar com as nossas emoções e as das outras pessoas e de saber nos relacionarmos, motivando os demais
Como desenvolver a inteligência emocional?
De acordo com Charlotte, não existe um passo a passo para isso, mas a autoconsciência das emoções é um ponto de início que pode parecer básico, mas é fundamental, pois muitas pessoas não sabem reconhecer o que sentem. “Quando um sentimento aparece, ele está ali para ser ouvido. Por exemplo, se estou com raiva, não adianta dizer para mim mesma que não estou. A partir desse reconhecimento, vem o gerenciamento, que é o que eu vou fazer com esse sentimento”, explica.
A psicóloga, então, desfia os outros elementos da inteligência emocional. “A automotivação é perceber também o quanto eu estou vinculada às atividades que realizo, ao ambiente onde estou, quais são os meus objetivos no meu trabalho, na minha carreira, para poder me motivar. A empatia passa por compreender as minhas próprias emoções e me ver como humana, pra então saber que o outro também é um ser humano. Já a habilidade social pressupõe lidar com as minhas emoções, gerenciar conflitos, ser assertivo, poder dar bons feedbacks”, exemplifica. A professora ressalta, no entanto, que esse é um caminho que vai depender muito do ponto em que cada pessoa está em sua vida, não existindo um passo a passo determinado para todos.
Essencial no trabalho e na vida
Atualmente, segundo Charlotte, a inteligência emocional é considerada um conjunto de competências essenciais em todas as profissões, em todos os níveis hierárquicos e mesmo por pessoas que exerçam suas atividades de forma solitária, pois mesmo aí haverá alguma forma de interação em certo momento. Possuir inteligência emocional é um ganho para todas as profissões, especialmente em posições de liderança (por envolver cooperação e autoridade), mas também é fundamental para a vida. Pesquisas do próprio Daniel Goleman mostram que a competência emocional é duas vezes mais importante que a competência técnica na avaliação de trabalho “Não apenas para empreendedores e líderes, ela é algo importante para aqueles que desejam crescer nas suas carreiras, alcançar o desenvolvimento profissional constante e ter, inclusive, uma vida mais saudável”, afirma.
Hoje, as empresas já estão conscientes de que as emoções influenciam não só relacionamentos, mas também decisões no trabalho, e as organizações estão de olho e trabalhando o desenvolvimento emocional de seus funcionários. “Porém, independente da empresa, cada um deve se cuidar. Pode ser difícil para algumas pessoas admitirem que precisam de mudanças em seu comportamento, mas no momento em que elas percebem que têm pontos que podem desenvolver e trabalham para isso, com certeza vão trilhar um caminho muito melhor”, completa Charlotte.
Acesso ao mercado de trabalho
A Universidade Feevale realiza ações para facilitar o acesso de seus acadêmicos ao mundo do trabalho. A Instituição mantém um grupo de trabalho responsável por gerir a pauta da empregabilidade, direcionando as ações a fim de aumentar, cada vez mais, o número de seus alunos em destaque no mercado de trabalho, incrementar parcerias com empresas e acompanhar estudantes e egressos em busca de colocação. A cada mês, são cadastradas, em média, 300 novas vagas no endereço www.feevale.br/oportunidades, site que conecta os acadêmicos da Universidade a empresas em busca de novos profissionais.