Pesquisa de acadêmica da Universidade Feevale avaliou a associação entre saúde mental e qualidade de vida e de saúde de enfermeiros e técnicos no RS
Um estudo sobre a saúde mental de profissionais de saúde durante a pandemia, desenvolvido pela acadêmica Rosane Barbosa, da Universidade Feevale, foi reconhecido pelo Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS) na última semana. Na oportunidade, a pesquisa, fruto de sua dissertação no mestrado em Diversidade Cultural e Inclusão Social na Instituição, conquistou o segundo lugar no eixo 1 do III Encontro Gaúcho de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria, realizado em Porto Alegre.
Intitulada A saúde mental dos profissionais de saúde: qualidade de vida e estratégias de adaptação ao estresse durante a pandemia do Covid-19, a pesquisa teve orientação da professora Geraldine Alves Santos, com o objetivo de avaliar a associação entre as variáveis qualidade de vida, afetos positivos e negativos e estratégias de enfrentamento ao estresse provocado pela pandemia. Para a realização do trabalho, Rosane, que é graduada em Enfermagem e conquistou uma bolsa específica concedida pela Feevale para estudar a pandemia do SARS-CoV-2, entrevistou, de forma on-line, 43 enfermeiros e 63 técnicos de enfermagem de ambos os sexos, acima de 18 anos, no Estado, durante o ano de 2021.
Os resultados demonstraram que a qualidade de vida está diretamente relacionada às variações de afetos positivos, às estratégias de enfrentamento do estresse e ao senso de autoeficácia diante dessas estratégias (70% entre os enfermeiros e 51% entre os técnicos). Da mesma forma, as variações na percepção da qualidade da saúde podem ser explicadas pelas oscilações nos afetos negativos, do desenvolvimento bem sucedido e das estratégias de enfrentamento (68% entre os enfermeiros e 33% entre os técnicos). Isso equivale dizer que fatores como os afetos (atender a um colega no hospital, precisar se distanciar da família, presenciar óbitos etc) e as estratégias utilizadas pelos profissionais para lidar com essas situações são fatores determinantes e que impactam em sua percepção de qualidade de vida e de qualidade de saúde.
Conforme Rosane, as consequências psicológicas da pandemia do Covid-19 permearão os profissionais de saúde por toda sua vida, interferindo no seu cotidiano pessoal e no trabalho.
Uma vez avaliada a qualidade de vida, as equipes e os gestores podem propor intervenções para atuar sobre fatores potencialmente modificáveis, pessoais e do ambiente de trabalho, a fim de reduzir o prejuízo à saúde dos profissionais de enfermagem, contribuindo para a qualidade da assistência oferecida”, explica Rosane.
A pesquisadora lembra que a qualidade de vida está diretamente relacionada à saúde mental, e que o seu estudo conseguiu demonstrar essa associação, mas justamente pelo fato de ainda não sabermos todos os impactos da pandemia, mais pesquisas precisam ser levadas adiante. É isso que ela pretende no doutorado que iniciará na Universidade Feevale, em 2023, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).