Universidade vai aprimorar e validar um jogo digital para a estimulação cognitiva de crianças do Ensino Fundamental
Alguns dias depois de ter um projeto aprovado em edital da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado (SICT), vinculado ao programa GameRS, a Universidade Feevale foi selecionada novamente, desta vez pelo edital nº 03/2021, ligado ao programa Techfuturo, do governo do Estado. Com o projeto Aprimoramento e validação de um jogo digital para a estimulação das funções executivas no contexto escolar, a Instituição pretende auxiliar estudantes do Vale do Sinos, em especial da rede pública de São Leopoldo.
O objetivo do projeto é aprimorar e validar um jogo digital em dispositivos móveis para a estimulação cognitiva, associado a um programa de intervenção precoce-preventiva para a estimulação das funções executivas no contexto escolar. Voltado a alunos do Ensino Fundamental I, que compreende do primeiro ao quinto ano, o jogo será utilizado, inicialmente, por cerca de 60 voluntários.
As crianças participam de uma pesquisa realizada pela Universidade Feevale, por um grupo que possui experiência na temática e desenvolveu diferentes jogos digitais voltados para a área da neurocognição. Um deles, denominado *As Incríveis Aventuras de Apollo & Rosetta no Espaço (Apollo & Rosetta), foi realizado em conjunto com um programa de estimulação precoce-preventiva. O objetivo é investigar, em estudantes do Ensino Fundamental I, as possíveis contribuições dos jogos digitais para a estimulação cognitiva, com foco em controle inibitório.
As funções executivas são um conjunto de habilidades e capacidades responsáveis pela regulação e pelo controle do comportamento humano para atingir objetivos específicos, possibilitando a interação com o mundo frente a situações vivenciadas no cotidiano. Nesse contexto, educadores têm reconhecido a importância dessas funções para o desempenho educacional dos alunos.
Estudos demonstram que deficiências relacionadas às funções executivas estão frequentemente associadas a dificuldades acadêmicas, como as habilidades de leitura, escrita e matemática.
Assim, é importante investir e promover programas voltados para o exercício dessas funções ainda na infância, de forma precoce-preventiva, visando mitigar os efeitos do baixo desenvolvimento dessas habilidades e suas consequências ao longo da vida dos sujeitos”, explica a professora Débora Barbosa, coordenadora do projeto, professora no curso de Sistemas de Informação e pesquisadora no Programa de Pós-graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social.
Sobre o jogo
Atualmente, uma versão para smartphone do jogo Apollo & Rosetta está sendo desenvolvida no contexto de uma tese de doutorado em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Feevale. Aprimorar e validar esse jogo para estimular mais funções executivas e prepará-lo para uso pleno dentro do contexto escolar é a proposta aprovada no edital. O projeto conta com o apoio da Prefeitura de São Leopoldo, por meio da secretaria de Educação, e da empresa Conectare NeuroPsi, de Porto Alegre, com aporte da neuropsicologia para o aprimoramento, validação e aplicação do jogo.
Segundo o diretor do Instituto de Ciências Criativas e Tecnológicas (ICCT) da Feevale, João Mossmann, o projeto é resultado do ensino e da pesquisa ocorrendo de forma orgânica na Instituição.
Este projeto consolida nosso know-how na área de desenvolvimento de jogos digitais, com o apoio dos cursos de graduação aderentes. Também consolida um trabalho que vem sendo desenvolvido desde a minha tese de doutorado, onde o Apollo & Rosetta foi desenvolvido e validado na versão exergame”, afirma.
Para a professora Débora Barbosa, essa é a oportunidade de consolidar um trabalho de pesquisa na área de jogos digitais, voltado à educação e à saúde. “Temos uma competência muito forte no desenvolvimento de jogos cognitivos, oriundos de pesquisas acadêmicas envolvendo mestrado e doutorado. Queremos consolidar o produto dessas pesquisas e prepará-lo para que, de fato, possa ser um objeto de extensão inovadora, junto ao público ao qual foi desenvolvido”, destaca, lembrando que o jogo Apollo & Rosetta tem aplicação junto às escolas, num contexto clínico. “Este projeto só foi possível a partir do trabalho em equipe, da competência dentro dos cursos de graduação e do apoio ao desenvolvimento de pesquisa que temos na Universidade”, complementa.