Projeto de Prevenção e Combate à Dengue, realizado pela Universidade Feevale em parceria com a Prefeitura, pede à população para redobrar os cuidados e evitar a proliferação do Aedes aegypti
Crédito: Daniel Bühler/ Universidade Feevale
Novo Hamburgo está na quinta colocação entre os municípios com casos confirmados de dengue no Rio Grande do Sul. A cidade apresenta um novo surto da doença, porém menor que no ano passado, sendo a grande maioria dos casos autóctones, ou seja, a circulação viral é sustentada no município. Os resultados do segundo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2023 foram divulgados, nesta semana, pelo projeto de Prevenção e Combate à Dengue, desenvolvido pela Universidade Feevale, em parceria com a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo.
Entre os dias 15 e 25 de maio, os integrantes do projeto realizaram vistorias em 3.568 imóveis, distribuídos em todos os bairros de Novo Hamburgo. A área urbana do município foi dividida em estratos, agrupados por possuírem características socioambientais semelhantes e, assim, facilitar as ações de controle vetorial. A equipe coletou 300 amostras de larvas e/ou pupas para análise e identificação no laboratório da Feevale.
Das amostras coletadas, 85,6% apresentaram-se positivas para o mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya. Para a atividade realizada em maio, Novo Hamburgo apresentou um Índice de Infestação Predial (IIP) de 5,9%, ou seja, a cada 17 imóveis, um teve a presença de larvas de Aedes aegypti. Com esse valor registrado no levantamento, o município se encontra, atualmente, em alto risco de surto para a dengue e outras doenças relacionadas ao mosquito.
Dos oito estratos, dois estão classificados como iminente perigo à saúde pública. Os demais estão classificados como alto risco de surto. O bairro Canudos é o que apresenta o maior número de casos confirmados, representando mais de 60% das notificações de dengue no município, seguido pelo bairro Liberdade, com menos de 10%. Até o momento, não houve registro de óbitos.
Principal indicador do LIRAa, o índice registrado no levantamento revela a situação atual do município que já contabilizou mais de mil casos de dengue e um de chikungunya. Para evitar o agravamento da situação, equipes do projeto de Prevenção e Combate à Dengue e da Vigilância Ambiental, além da própria comunidade, têm se empenhado para eliminar os depósitos de água parada na cidade.
Principais depósitos
O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) também fornece outro índice importante, que é o da prevalência de depósitos com larvas. Confira os resultados deste segundo levantamento:
- 60,4%: recipientes pequenos, passíveis de remoção da água, como pratinho de vaso de plantas, bebedouro de animais, recipientes para enraizamento de plantas, garrafas desprotegidas, baldes e lonas mal esticadas, entre outros
- 16,7%: ralos, calhas, piscinas e outros recipientes de difícil remoção de água
- 9,3%: acúmulo de lixo, sucatas e entulhos de restos de construção
- 7,4%: bromélias, ocos de árvores, materiais naturais
- 5,8%: pneus e outros materiais rodantes
- 0,4%: depósitos utilizados para armazenamento de água para o consumo humano, ao nível do solo
Prevenção e controle
Dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana são doenças virais conhecidas arboviroses, um problema de saúde pública cada vez maior no Brasil. Desde o início deste ano, o Rio Grande do Sul vem registrando significativo aumento nos casos de dengue. Sem medicamento específico, é necessária uma política de prevenção e controle através do combate ao vetor Aedes aegypti. Esse mosquito teve o primeiro registro no Estado em 1995 e, atualmente, é encontrado em 92% dos municípios. Até o dia 17 de junho foram contabilizados, no Estado, 21.935 casos e 46 óbitos por dengue, além de 35 casos de chikungunya e um de zika.
Em Novo Hamburgo, foram identificadas as primeiras larvas em 2004, tornando-se, desde então, um município infestado. Com o aumento dos focos e a rápida proliferação do Aedes aegypti, em 2008 foi firmada uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo e a Universidade Feevale, com o intuito de instruir os moradores quanto às principais arboviroses urbanas – dengue, zika e Chikungunya – e fazer o levantamento dos índices de infestação e tratamento dos focos. Para isso, foi estruturada uma equipe de estudantes, que vêm sendo responsáveis pela vistoria entomológica e pela ação educativa, utilizando diálogo direto e instrutivo.
Após a primeira grande epidemia de dengue, registrada em Novo Hamburgo em 2022, que levou o município para a primeira colocação em casos de dengue no Estado, são necessários todos os esforços para impedir que algo similar volte a ocorrer. A equipe de saúde primária também está mais atenta aos sintomas, que são bastante similares a outras viroses, mas podem ser verificados com a aplicação de testes rápidos fornecidos pelo município. Na cidade, até o dia 17 deste mês foram recebidas 2.585 notificações de casos suspeitos de dengue, sendo 1.252 confirmadas, 834 em investigação, 274 inconclusivas e 225 descartadas. Dos casos confirmados, 1.143 são autóctones.
“Com essas informações, alertamos a população para redobrarem os cuidados acerca de criadouros em potencial, sendo fundamental que todos se engajem na prevenção às doenças e eliminação do mosquito”, afirma a bióloga Andressa Müller, acrescentando que é necessário o apoio da população, para que, além de inspecionar seus imóveis na busca por depósitos com água parada, procure as unidades de saúde sempre que houver sintomas suspeitos.
A realização dos testes rápidos na população permite, além do diagnóstico, o mapeamento e o conhecimento da densidade dos casos suspeitos e confirmados no município. Com essa informação, a equipe do projeto de Prevenção e Combate à Dengue, desenvolvido pela Feevale em parceria com a Prefeitura, e, também, os agentes comunitários de saúde, podem atuar, a cada semana epidemiológica, nos pontos mais críticos, que necessitam de maior intervenção.
Saiba mais
O boletim informativo com os resultados do segundo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2023 foi elaborado pela equipe do projeto de Prevenção e Combate à Dengue, formada por Andressa Müller (bióloga, supervisora de campo) Daniel Bühler (biólogo, supervisor de campo), Tiago Filipe Steffen (biólogo, coordenador do projeto) e Thais Pinheiro Ribeiro (estudante de Relações Públicas, auxiliar administrativa). Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail conveniodengue@feevale.br.