Novo sequenciamento genômico aponta diversificação de sublinhagens de Ômicron | Universidade Feevale

Novo sequenciamento genômico aponta diversificação de sublinhagens de Ômicron

02/09/2022 - Atualizado 10h15min

Laboratório Microbiologia Molecular

Amostras de SARS-CoV-2, em sua maioria coletadas nos vales do Sinos e do Rio Pardo, foram submetidas ao sequenciamento na Universidade Feevale

Um total de 84 amostras de SARS-CoV-2, coletadas entre janeiro e agosto deste ano, foram submetidas, no mês passado, ao sequenciamento genômico no Laboratório de Microbiologia Molecular (LMM) da Universidade Feevale. Todos os genomas foram caracterizados como pertencentes à linhagem Ômicron.

As amostras oriundas do serviço de diagnóstico molecular do Laboratório (47) são de pacientes residentes dos municípios de Campo Bom (3), Canoas (1), Dois Irmãos (1), Estância Velha (2), Esteio (1), Ivoti (6), Novo Hamburgo (21), Portão (2), São José do Hortêncio (2), São Leopoldo (5), São Sebastião do Caí (1), Sapucaia do Sul (1) e Taquara (1).

Em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), foram sequenciadas 30 amostras dos municípios de Cachoeira do Sul (1), Encruzilhada do Sul (2), Rio Pardo (2), Santa Cruz do Sul (23) e Vera Cruz (2). As demais amostras (7), coletadas em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), são provenientes de viajantes que cruzaram a fronteira entre o Brasil e a Argentina.

Fica evidente a diversificação de sublinhagens de Ômicron nos vales do Sinos e do Rio Pardo”, diz o virologista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Universidade Feevale.

Dados acompanham o cenário mundial

Desde janeiro de 2021, o Laboratório de Microbiologia Molecular (LMM) vem realizando o acompanhamento epidemiológico de SARS-CoV-2. Com o surgimento da Ômicron, em dezembro de 2021, foi possível demonstrar que essa variante é predominante desde janeiro de 2022, dados que vêm acompanhando o cenário mundial.

A Ômicron é composta por várias sublinhagens, sendo que, inicialmente, a BA.1, BA.1.1 (clado 21K) e BA.2 (clado 21L) eram as mais comuns. A proporção de sequências relatadas, globalmente designadas como BA.2, foi aumentando em relação à BA.1, o que também pôde ser observado neste acompanhamento, uma vez que, até abril deste ano, a maioria das amostras sequenciadas correspondiam às sublinhagens do clado 21K. “Em maio deste ano, no entanto, a situação começou a mudar e a maioria das amostras coletadas até o mês de junho corresponderam à linhagem BA.2”, diz Spilki.

Alguns estudos demonstraram que a sublinhagem BA.2 seria mais transmissível do que a BA.1 e mais eficiente em infectar pessoas vacinadas, e com uma terceira dose de reforço, do que as variantes anteriores. Além disso, sequências recombinantes, que têm sido mencionadas mundialmente, também foram relatadas neste monitoramento, em maio e junho deste ano. As recombinantes entre as linhagens BA.1 e BA.2 (XAG e XQ) já totalizam oito amostras sequenciadas.

Os dados mais recentes, de julho e agosto, destacam o aumento na detecção do clado 22B, com destaque para a BA.5.2, BA.5.2.1 e BA.5.1, e a primeira aparição da BF.12 na região. As sublinhagens em destaque tiveram as suas primeiras detecções no início de maio no Brasil e, no final do mesmo mês, no Rio Grande do Sul. “Elas já compõem 13% (BA.5.2.1), 7% (BA.5.1) e 1% (BA.5.2) de prevalência nas amostras do Estado, tendo uma frequência menor do que as amostras analisadas pela Feevale”, explica Spilki. No mesmo período, ocorreu a introdução da BA.4 e da BA.4.6 (clado 22A), demonstrando uma forte tendência ao aumento da circulação dessas sublinhagens, sendo que a BA.4.6 teve uma recente introdução no Estado – 4 de julho de 2022 – e já representa 28% das amostras sequenciadas em agosto.

Todos os dados estão sendo disponibilizados em bases de dados públicos nacionais (Corona-Ômica.BR – MCTIC) e internacionais (Gisaid), com posterior submissão do trabalho ao periódico científico.

 

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