Pesquisadores da Feevale lançam carta aberta para o enfrentamento de adversidades climáticas | Universidade Feevale

Pesquisadores da Feevale lançam carta aberta para o enfrentamento de adversidades climáticas

28/05/2024 - Atualizado 03/06/2024 09h16min

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Documento, desenvolvido no âmbito do Laboratório de Vulnerabilidades, Riscos e Sociedade e do PPG em Qualidade Ambiental, tem o objetivo de propor ações de curto, médio e longo prazo para serem tomadas de imediato na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

Professores do Laboratório de Vulnerabilidades, Riscos e Sociedade (LaVuRS) e do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale divulgaram a carta aberta Análise do estado de calamidade atual do RS e caminhos para um futuro assertivo na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Em cinco páginas, o documento avalia o cenário que se coloca no Rio Grande do Sul após uma sucessão de eventos climáticos desastrosos (sendo dois localizados, em junho e setembro de 2023, em Caraá e na região do Vale do Taquari-Antas, respectivamente, e o terceiro em maio deste ano, abrangendo todo o Estado). No evento deste ano, se contabilizam, até o momento, 469 municípios atingidos, 169 mortes, mais de 800 feridos, 53 pessoas desaparecidas e mais de 580 mil pessoas desalojadas. São, ao menos, 578 escolas danificadas, com 381.231 estudantes matriculados prejudicados*.

Na carta, os pesquisadores analisam os impactos das mudanças climáticas sobre as populações, que já haviam sido anunciadas amplamente pela comunidade científica e para as quais havia planos incipientes de preparação, como a Política Nacional sobre a Mudança do Clima. Discorrem sobre a necessidade de discussões técnicas e forte mobilização governamental, política, social, empresarial, institucional, ambiental e acadêmica para que se estabeleça um consenso sobre as medidas estruturais a ser tomadas, como contenção de cheias, com conserto, manutenção e ampliação das já existentes e a possível implementação de novas, como a construção de barragens para a regularização de vazões, desassoreamento de canais, desentupimento de bueiros, entre outros.

O grupo avalia, porém, que será necessária a implementação de medidas não estruturais, que inclusive são mais eficientes do ponto de vista social e menos onerosas do ponto de vista econômico. É nesse sentido que as universidades podem contribuir diretamente, dado o histórico de pesquisa e ações com as suas comunidades. Assim, o LaVuRS e o PPG em Qualidade Ambiental da Feevale, a partir de sua contribuição de anos para o avanço científico e desenvolvimento de ações acadêmicas e comunitárias voltadas à educação para o enfrentamento das adversidades climáticas, propõe ações que precisam ser tomadas de imediato na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, considerando um planejamento de curto, médio e longo prazo. Algumas delas incluem:

  • Composição de um comitê de gestão de riscos de desastres, com representantes da sociedade civil, especialmente população atingida pelos eventos extremos, e representantes das prefeituras de todos os trechos da bacia – devendo participar os prefeitos e representantes das secretarias, Defesa Civil, universidades, representantes do setor agrícola e industrial, e sua inserção no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e nos processos de revisão dos Planos Diretores dos Municípios da Bacia;
  • Consideração dos estudos já prontos e disponibilizados pelas universidades, por parte dos prefeitos, no seu processo de governança municipal;
  • Recuperação de estruturas e sistemas de proteção de cheias, danificadas pela atual catástrofe, possibilitando segurança para as populações retornarem ao lar;
  • Plano de curto prazo para finalização de obras que tenham como objetivo minimizar os efeitos das chuvas dentro de municípios;
  • Remapeamento das áreas já mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil e Metroplan, considerando mapeamentos de vulnerabilidade social e suscetibilidade;
  • Implantação de uma rede de estações de monitoramento hidrometeorológico em distintos pontos da bacia, para tornar as previsões hidrológicas mais acuradas, e esse sistema ser integrado às defesas civis municipais;
  • Construção de um plano de adaptação climático, considerando as fragilidades ambientais, de relevo e hídricas, permitindo a participação popular ativa – priorizando a recuperação ambiental de banhados, matas ciliares, áreas de preservação permanente e revegetação no ambiente urbano;
  • Adoção e investimento em sistemas de comunicação e alerta de fácil usabilidade pela população, com treinamento e simulados semestrais em todos os municípios detentores de áreas de riscos;
  • Fortalecimento das equipes de defesa civil municipais, com investimentos nas estruturas disponíveis, treinamento e manutenção dos quadros técnicos, independente de mudanças políticas; entre outras ações.

Saiba mais

Assinam a carta aberta, que pode ser conferida em sua totalidade no link, os professores Daniela Müller de Quevedo, Danielle Paula Martins, Glauber Candia Silveira, Haide Maria Hupffer, João Sganderla Figueiredo, Júlio Cesar da Rosa Herbstrith, Marcelo de Pereira Barros, Marco Alésio Figueiredo Pereira e Tiago Balem. O LaVuRS tem o objetivo de contribuir para o avanço científico e comunitário no campo das vulnerabilidades social, de riscos e desastres a partir da união dos conhecimentos, técnico, científico e popular, na consolidação de um laboratório de referência na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, integrando pesquisa, ensino e extensão.

*Números atualizados em 27 de maio

 

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