Transição demográfica impacta relações de trabalho | Universidade Feevale

Transição demográfica impacta relações de trabalho

25/10/2024 - Atualizado 13h50min

Prato principal da ACI, com apoio máster da Universidade Feevale, aconteceu nesta quinta-feira, 24

ACI 1 José Paulo e presidente da ACI, Robinson Oscar Klein

As relações de trabalho serão cada vez mais impactadas pela transição demográfica, uma das mudanças mais importantes da história da humanidade. O superintendente regional do Sesi-RS, Juliano Colombo, palestrante do Prato Principal da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI) desta quinta-feira, 24 de outubro, explica que o rápido crescimento populacional está sendo substituído pelo envelhecimento populacional, o que traz desafios de saúde, sociais e econômicos. O evento tem apoio máster da Universidade Feevale e contou com a presença do reitor da Instituição, José Paulo da Rosa, e do superintendente Executivo, Roberto Sarquis Berte.

No Brasil e no Rio Grande do Sul, a expectativa de vida aumenta, mas a taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) diminui. Como resultado, a população cresce menos. No país, a taxa de crescimento populacional anual (%), que era de 1,93 entre 1980 e 1991, caiu para 0,52 entre 2010 e 2020, uma diferença de 73%.

A população brasileira também está mais envelhecida. O número de pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos, conforme o IBGE, era 14 em 1991, passou para 55 em 2022 e a projeção é que chegue a 104 em 2040. A população também está mais feminina, especialmente na faixa etária de 25 a 29 anos, em que o número de homens para cada 100 mulheres era de 97 em 2022, segundo o Censo Demográfico do IBGE.

Os números, conforme Colombo, parecem indicar que a população em idade ativa atingiu seu ápice e permitem projetar, para o Rio Grande do Sul, um aumento progressivo do número de idosos a partir de 2030, quando deverá chegar a 79 a quantidade de dependentes – de 0 a 14 anos e 65 anos ou mais – para cada 100 pessoas em idade ativa – 14 a 16 anos. O esgotamento do bônus demográfico do Brasil faz o país envelhecer antes de enriquecer e, assim, o crescimento econômico não irá mais ocorrer organicamente com crescimento da força de trabalho.


É preciso mais produtividade

Como sair da estagnação econômica? “É preciso melhorar a produtividade da força de trabalho existente e ampliar a faixa etária considerada economicamente ativa”, explica o palestrante. A melhoria da produtividade depende da maior conexão de habilidades em um mundo onde o adulto é protagonista na força de trabalho.

No Rio Grande do Sul, um dado em especial revela a dimensão do problema: 795 mil trabalhadores não têm ensino básico completo, sendo 275 mil deles trabalhadores da indústria. E 2/3 dos jovens cursando Ensino Médio não atingem as habilidades básicas para participar efetivamente da economia moderna. A transformação da educação passa pela escola pública, que teve 77,9% das matrículas na educação básica no Estado em 2023.

Os pilares fundamentais para o desenvolvimento de talentos, na avaliação de Colombo, são a elevação da escolaridade, garantindo o mínimo para hoje, desenvolvimento de habilidades para prosperar no futuro e assegurar que a educação pública atinja a maior quantidade de pessoas. A melhoria da produtividade depende da participação plena dos talentos em um mundo onde o adulto é protagonista na força de trabalho.


É preciso mais produtividade

ACI 2 Juliano Colombo

Juliano Colombo disse que as mudanças dão origem a um fenômeno pouco discutido, mas vivenciado por todos – as responsabilidades de cuidado. No Brasil, o esforço de tarefas de cuidado não remuneradas, incluindo afazeres domésticos e cuidado com pessoas, equivaleram a 12% do PIB em 2022 ou R$ 1,1 trilhão. A situação impacta diretamente a participação na força de trabalho e o aprimoramento dos trabalhadores, principalmente das mulheres. Uma maior participação da mulher na força de trabalho depende da flexibilização promovida no ambiente de trabalho.

O setor público deve investir em políticas de cuidado, como licenças, descanso para amamentação, creches e cuidados de longa duração. O setor privado vê-se diante de uma das dez tendências no mundo do trabalho em 2024. Segundo a Harvard Business School, empresas que têm políticas de cuidado irão atrair e reter talentos. Fatores externos têm cada vez mais influência na produtividade das empresas. Por isso, a pauta pessoas, com seus aspectos internos e externos, deve ser incorporada na estratégia da empresa.

Fotos: Fábio Winter

 

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