Lugares - Coletivo "Terça ou Quarta" | Universidade Feevale

Lugares - Coletivo "Terça ou Quarta"

06 a 28 de setembro de 2011

Felipe Góes, Fernanda Izar e Jeff Chies

O coletivo ‘Terça ou Quarta’ formado pelos artistas Felipe Góes, Fernanda Izar e Jeff Chies, tem como procedimento criativo manter uma produção individual e uma intensa discussão coletiva sobre os caminhos que o trabalho de cada um vem trilhando. Cada passo, cada mudança de abordagem, de técnica é mostrada e esmiuçada em seus encontros sistemáticos nos seus ateliers. Acreditam que colocar em questão sua produção, suas abordagens teóricas e práticas sobre a pintura é um componente fundamental de suas trajetórias.

Olhar e entender a pintura como uma escolha, como linguagem aberta e contemporânea é o ponto de contato mais significativo entre eles. Se, da pintura como linguagem podem extrair respostas, ou melhor, levantar questões pertinentes aos seus olhares para o mundo, é o que os move como artistas. 

Felipe nos diz que a aparência das pinturas, em sua maioria paisagens ou uma sugestão ambígua de lugares, dispõe da abertura necessária para a materialização dos trabalhos sob termos ligados ao fazer (escolha das cores, aplicação e gestualidade das pinceladas, arrependimentos, sobreposição de camadas e re-pintura da superfície), pois a paisagem, em sua infinidade de possibilidades, aceita proposições pictóricas das mais implausíveis e abstratas.

Nas pinturas de Fernanda estão representados lugares povoados de objetos, móveis, casas, entre outros. No entanto, esses elementos se afastam de sua simples e rápida descrição. A maior graça aqui é a descoberta da forma do que pode ser um móvel, um muro ou uma rua pela obediência a um ritmo interior de sensibilidade, sem ser refém da idéia de representação. Ela não deseja imitar, descrever ou criar uma narrativa a partir dos objetos. Tampouco uma representação abstrata é seu objetivo. O que interessa é transmitir para a tela esses elementos, deformando-os segundo as exigências de composição, de cores e do sentimento.

Jeff nos fala do abismo da abstração feito por um gesto construtor. É a volúpia da tinta, o que é físico na pintura, no gesto, na matéria. A obra existe porque o corpo existe, os movimentos do corpo estão impressos e são a genealogia da pintura. Quer que os gestos sejam imprecisos até deixarem de ser premeditados e que daí venha uma verdade física, uma estrutura pictórica corpórea e inconsciente, no sentido de primeira. Mínima e universal. Um gesto ainda não decodificado, sem nomenclatura. As pinceladas se empilham, subvertem umas às outras, como o entrecruzar de pensamentos, são fortes ou fracas, tortuosas e retas, surgem subterraneamente ou se projetam acima das outras.

Ao olharmos para o conjunto vemos pinturas que não tem interesse na afirmação. São poéticas abertas para o acaso das coisas, das narrativas e das representações. Para Felipe são lugares e figuras fragilizados e carcomidos pelas bordas da tinta, que desaparecem ou mudam de posição, como se algo de inviável existisse em sua presença na tela. Fernanda também lida com o limite dos objetos representados de modo que se confundam pelo cruzamento de cores e pinceladas diferentes e que esse atravessamento de pinceladas, aliada à sua rapidez e gesto propiciem uma vibração nas fronteiras entre os elementos da composição. Interessam a confusão, a junção, e a mistura entre os elementos de um espaço. Assim é também na pintura de Jeff que vê o paradigma abstrato como uma maneira de permanecer antes da superfície das coisas, antes que as coisas apareçam como forma, antes do gesto ser responsável pela narrativa, no embate de pulsões e pensamentos, entre a total entrega e a ordem possível, é neste lugar anterior a forma que fica a sua pintura, sua linguagem.
 

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