Mateos Quadros trabalha como designer em projetos autorais com esculturas corporais tridimensionais
Coleção Prelúdio
O curso de Moda da Universidade Feevale articula a pesquisa e a extensão com o objetivo de oferecer conexão entre o mercado de trabalho e a universidade por meio da transformação de ideias em projetos criativos. Instigado por trabalhos experimentais e tecnológicos realizados na Instituição, o egresso Mateos Quadros, graduado em Moda, trabalha, atualmente, como designer em projetos autorais criando esculturais corporais tridimensionais (3D) em polímeros termoplásticos a partir da fruição entre o manual-punho e o digital-software.
A ideia de trabalhar com esculturais corporais surgiu no trabalho de conclusão de curso de Quadros, em que ele trouxe a intersecção do som e da ciência para o desenvolvimento de uma coleção de moda. O trabalho foi criado a partir dos estudos da musicista Björk no projeto Biophilia, de 2011. Instigado pelo processo criativo das composições e arranjos musicais do trabalho da cantora, desenvolveu um aparelho mecânico, similar a uma caixa de som, capaz de manifestar imagens a partir da reprodução de samples.
Foi ali que se iniciou uma grande alucinação criativa em que eu buscava protagonizar meus próprios sons”, explica o egresso.
Diante das ideias, Quadros encontrou na remasterização de uma fita em video home system (VHS) da sua infância uma possibilidade de criação. Entre os ruídos, vozes e gritos contidos na mídia analógica, ele conta que, instintivamente, se deparou com a existência do vocal da sua mãe. “Tocado pelos sentimentos mais viscerais possíveis, conduzi diversas experimentações com os vocais maternos manifestados e, assim, encontrei não somente uma série de padrões visuais que ressoam nas criações do agora, como, também, a forma da estrutura e silhueta das esculturas corporais 3D que, ao seu modo, traçam e simbolizam a nossa ventral ligação”, destaca.
A partir do projeto de pesquisa, Quadros iniciou o processo de experimentação e prototipagem das peças extracorpóreas caracterizadas pelo padrão orgânico e assimétrico, que são construídas por meio da manipulação de polímeros termoplásticos. “Grande parte do processo se faz no âmbito digital, onde possuo uma maior liberdade de experimentar, desfazer, modificar, prever e encaixar. No entanto, o contexto tátil é insubstituível, pois, devido à pequena zona de impressão da máquina, é necessário a intervenção do punho numa espécie de soldagem manual”, pontua.
Recentemente, o designer desenvolveu uma coleção de seis esculturas corporais, chamada Prelúdio. “Desde o início da comunicação da coleção, já comercializei as minhas primeiras três peças, sendo duas para a Europa”, detalha. Ao decorrer da sua graduação em Moda, Quadros destaca que teve acesso à estrutura dos laboratórios de costura desde o primeiro semestre de curso. “A experimentação de maquinários específicos e de bustos em tamanhos democráticos foram importantíssimos para minha construção enquanto criador e, até mesmo, como autônomo. Lembro que, um ano após ter feito a minha primeira matrícula, eu já estava obtendo uma renda extra com a comercialização de jaquetas corta-vento reversíveis costuradas e modeladas nos laboratórios”, ressalta.
Para Quadros, que também trabalha no Laboratório de Moda da Universidade Feevale, empreender tem sido um processo curioso. “Enquanto eu despretensiosamente crio, como o vento, almejo conseguir investir em maquinários, ressoar as criações em outros terrenos, como desfiles e exposições e, principalmente, vestir corpos da comunidade a que pertenço e na qual acredito”, finaliza. A marca Mateos Quadros pode ser conferida no perfil @mateosquadros no Instagram (www.instagram.com/mateosquadros).