Mostra foi inspirada em artistas contemporâneos como João Paulo Baliscei e Lia Menna Barreto
A egressa do curso de Ensino da Arte na Diversidade da Universidade Feevale, Guadalupe da Silva Vieira, professora da rede municipal de ensino de São Leopoldo, realiza a mostra virtual Balangandãs: entrelaçando rituais artísticos e literários. A exposição, que contou com a participação da mestre em Educação e professora da rede municipal de ensino de Novo Hamburgo e São Leopoldo, Jéssica Tairâne de Moraes, é um trabalho realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edgard Coelho que envolve possibilidades de leitura e combinações de múltiplas linguagens e materiais, entrelaçadas com escritores da literatura infantil que abordam a temática da africanidade e decolonialidade com produções artísticas.
A mostra virtual foi inspirada em artistas contemporâneos como João Paulo Baliscei e Lia Menna Barreto. As crianças foram instigadas a pensar e agir para além do óbvio a partir dos seguintes questionamentos: quais rituais podemos fazer no nosso cotidiano? O que podemos (re)construir com aquilo a que não estamos habituados? Quais os padrões e estereótipos que nos condicionam a adotar certos rituais que são esperados socialmente de meninos e meninas? Como podemos ressignificar esses rituais, atravessando fronteiras e rompendo com ideias cristalizadas que sustentam certos preconceitos?. “A proposta partiu, então, do interesse das crianças por rituais, expressos em suas ações e brincadeiras, depois de uma aproximação com os rituais indígenas”, ressalta Guadalupe.
A partir da série “Para menino ou para menina?” e “A boneca sou eu”, dos artistas Baliscei e Barreto, respectivamente, bonecas foram utilizadas como forma de ressignificar certos rituais, sendo pintadas de cores não binárias e criando peças inusitadas. “Para conversar com essas discussões, também utilizamos como inspiração Júnior de Odé que, no viés da arte contemporânea, trabalha com produção de fios de contas do candomblé, promovendo análises e tensionamentos sobre seus usos e significados”, explica a docente. Assim, surgiu a produção de colares e adereços com a utilização das bonecas e outros materiais, como penas, conchas, pedras e miçangas.
Todo esse processo possibilitou às crianças refletir acerca de alguns padrões sobre brinquedos e objetos, ressignificando rituais que são esperados de meninos e meninas a partir, também, dos fios de contas do candomblé e colares”, destaca Guadalupe.
A partir disso, foram produzidas as pencas de balangandãs, objetos que eram considerados amuletos pelos povos africanos. "Eles foram feitos de papel e fitas longas e coloridas e, ao serem girados no ar, lembram um arco-íris ou uma espécie de foguete", finaliza a egressa. A mostra é gratuita, aberta à comunidade e pode ser conferida no site balangandasrituais.wixsite.com/exposicao.