Espécie rara de anfíbio é encontrada pela primeira vez no Rio Grande do Sul | Universidade Feevale

Espécie rara de anfíbio é encontrada pela primeira vez no Rio Grande do Sul

10/04/2015 - Atualizado 08h57min
Fritziana fissilis, uma perereca marsupial de apenas 2 cm, foi registrada por pesquisadores da Universidade Feevale nas nascentes do Rio dos Sinos

O graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Feevale, Mateus Henrique de Mello, hoje já formado, e o seu orientador, o professor Ismael Franz, estavam no primeiro mês das expedições que realizariam mensalmente nas nascentes no Rio dos Sinos, no município de Caraá, quando ouviram um canto inesperado. A vocalização de dois indivíduos foi gravada e um macho, de uma espécie nunca encontrada no Rio Grande do Sul, foi capturado. Trata-se da Fritziana fissilis, uma perereca que jamais havia sido registrada no Estado. Nem mesmo a família a que ela pertence – Hemiphractidae – possuía algum de seus membros nos registros do RS.
 
O acadêmico Mello e o professor Franz conduziam saídas de campo no intuito de levantar dados para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do primeiro, o qual buscava identificar as espécies de anuros – sapos, rãs e pererecas – que habitavam o local. O trabalho Diversidade de anuros na região das nascentes do Rio dos Sinos, Mata Atlântica de Caraá, Rio Grande do Sul, Brasil, realizado por meio do Laboratório de Zoologia da Feevale, foi defendido no final de 2014 e levantou 17 espécies, pertencentes a sete famílias. Esse foi o primeiro levantamento de anfíbios realizado na região das nascentes do Sinos.
 
A espécie encontrada é conhecida popularmente como perereca marsupial, uma alusão ao fato de que as fêmeas carregam os girinos no seu dorso, sob a pele. Elas possuem apenas 2 cm de comprimento e se reproduzem nos “tanques” de água formados dentro de bromélias epífitas. Os exemplares foram encontrados a 2,4 metros acima do solo, característica das bromélias epifíticas, que se desenvolvem na parte superior das árvores. Apenas o fato de se encontrar uma espécie que exige um ambiente tão intocado para se desenvolver já demonstra as condições de preservação das nascentes do Rio dos Sinos. Segundo os pesquisadores, isso reforça, ainda mais, a importância da preservação da região e a necessidade de novos estudos sobre a fauna local.
 
A descoberta foi publicada na revista científica Check List, da Universidade de São Paulo (USP). A partir de agora, novas análises serão feitas com espécimes da nova população, a fim de não deixar dúvidas sobre a sua identidade. Os autores do estudo suspeitam que a perereca possa ser uma nova espécie para a ciência, mas isso só poderá ser avaliado com mais análises de morfologia, anatomia, canto e DNA, o que ainda levará cerca de um ano.
 

Foto: Ledyane Rocha Uriartt

Saiba mais
 
- A espécie Fritziana fissilis havia sido registrada apenas nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e do Espírito Santo, em áreas da Mata Atlântica. A ocorrência no Rio Grande do Sul surpreende porque o Estado já possui muitos estudos da sua fauna, que, acredita-se, seja bem documentada.
 
- A Universidade Feevale é pioneira nos estudos de flora e fauna das nascentes do Rio dos Sinos.
 
- Os dados para o TCC de Mello foram obtidos de janeiro a dezembro de 2014, tendo sido encontradas 17 espécies de anuros, pertencentes a sete famílias: Bufonidae, Leptodactylidae, Hemiphractidae, Hylodidae, Brachycephalidae, Odontophrynidae e Hylidae. Todas são representativas das Florestas Ombrófilas Densa e Mista, que se estendem desde a Planície Costeira até as elevações das Serras do Mar e Geral, e os Campos de Cima da Serra, formações típicas da região nordeste do Rio Grande do Sul, localizada dentro dos limites do Planalto Meridional Brasileiro.
 
- O local do estudo é de difícil acesso, tanto de carro quanto a pé, por apresentar alta declividade e terreno bastante abrupto e pedregoso. Além da importância biológica, também demonstrada por meio de diversos estudos botânicos realizados pela Feevale, a região apresenta elevado valor cênico, em virtude da presença de belas cachoeiras em meio à floresta úmida bem preservada.
 
- O estudo que apresentou a Fritziana fissilis gaúcha à comunidade acadêmica pode ser conferido em http://biotaxa.org/cl/article/view/11.2.1594/12131.

“Essa espécie vive apenas em áreas de Mata Atlântica bem conservadas, o que revela a importância da região das nascentes do Rio dos Sinos para a conservação dessa e de diversas outras espécies com as mesmos requerimentos, além da necessidade de se preservar e recuperar as florestas ao longo de toda a bacia hidrográfica. Em tempos de escassez de água limpa, não somos apenas nós que temos este como o recurso mais essencial para a manutenção da vida.”
 
Ismael Franz, professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade Feevale
 
 

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