Fórum de Inteligência Artificial reúne grande público na Feevale | Universidade Feevale

Fórum de Inteligência Artificial reúne grande público na Feevale

26/03/2024 - Atualizado 15h39min

Médico e neurocientista Miguel Nicolelis, pioneiro no estudo sobre a interação cérebro-máquina, foi o palestrante principal

Nicolelis

A relação entre inteligência artificial e a educação, os negócios e o cérebro humano foram temas abordados nesta segunda-feira, 25, no Fórum de Inteligência Artificial, que aconteceu no Teatro Feevale. O evento teve como palestrante principal o médico e neurocientista Miguel Nicolelis, pioneiro no estudo sobre a interação cérebro-máquina. Antes disso, ocorreram dois painéis, um voltado a professores e outro, a empreendedores.

O primeiro painel, intitulado Inteligência artificial e educação: expandindo os limites do futuro, foi ministrado por Ricardo Cappra, pesquisador e cientista de dados, e Anatália Ramos, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A mediação ficou sob responsabilidade do reitor da Universidade Feevale, Cleber Prodanov, que destacou que a Instituição busca protagonismo em novas metodologias e maneiras de se conectar com as empresas e com o mundo. “Inteligência artificial é um assunto urgente que gera muita discussão, por isso pensamos em promover o Fórum de Inteligência Artificial. É muito relevante que o primeiro painel seja voltado para a educação, que é o nosso propósito. Estamos preocupados em descobrir qual é o nosso papel enquanto educadores no século 21”, afirmou.

Segundo Cappra, é importante que seja feito o mapeamento das tendências que surgem em torno da inteligência artificial. “O meu papel, enquanto cientista de dados, é transformar esse conteúdo em algo mais amigável e simples de ser consumido. O que estamos aprendendo é que a inteligência artificial é o desdobramento de tudo que vem acontecendo desde o início da internet”, explicou. De acordo com Anatália, a inteligência artificial se expande em ambientes acadêmicos. “A IA está dentro do nosso núcleo de aprendizado, nas salas de aulas e nas nossas experiências docentes. Devemos pensar em como fazer essa incorporação e definir de que maneira estamos engajando os nossos alunos nessa realidade de interatividade”, ressaltou.

Negócios e inteligência artificial

O segundo painel foi ministrado por Robinson Klein, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos, e Pedro Bocchese, head de inovação e tecnologia na Processor. A atividade abordou o tema Inteligência artificial e a próxima fronteira dos negócios. Klein apontou os desafios de falar sobre inteligência artificial, já que a temática envolve a previsão do que está por vir. “É importante fazermos um aprendizado em conjunto sobre esse tema. Temos que aprender quais são as próximas etapas e aonde devemos chegar”, salientou. Já Bocchese indicou pontos que são aplicados na inteligência artificial em relação aos negócios. “É muito importante empoderar pessoas e organizações para que possamos fazer mais, com menos. Precisamos pensar nas tecnologias, ferramentas, plataformas e conceitos como uma extensão do ser humano”, disse.

IA Educação Painel sobre IA e educação

IA Negócios Painel sobre IA e negócios

Interação cérebro-máquina

Doutor em Ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Fisiologia e Biofísica pela Hahnemann University (EUA), Nicolelis lidera pesquisas que desenvolvem tecnologias voltadas à interação cérebro-máquina e sua aplicação no restabelecimento de movimentos em pessoas acometidas por paralisias e doença de Parkinson. O neurocientista fundou e dirige o projeto Andar de Novo e é membro da academia de ciências do Brasil e da França. Ele já foi apontado pela revista Scientific American como um dos 20 maiores cientistas da atualidade e eleito um dos 100 pensadores de maior influência no mundo pela revista Foreign Policy.

Na palestra, que teve como temática Inteligência artificial e o cérebro humano, ele falou sobre os mitos que envolvem a inteligência artificial e sobre a era do “vírus informacional”, explicou por que acredita que o cérebro humano não será replicado e contou sobre os experimentos que originaram a interface cérebro-máquina – que, de acordo com o cientista, significa ligar cérebros a máquinas para observar e admirar a verdadeira inteligência em funcionamento, e não para transformar cérebros em máquinas. “Eu digo, há quase 30 anos, que a inteligência artificial não é inteligente e nem artificial. Ela não é inteligente porque inteligência é uma propriedade da matéria orgânica – ela emerge, no processo de seleção natural, quando organismos interagem com o que os cerca e com outros organismos na tentativa de otimizar e maximizar suas chances de sobrevivência. E ela não é artificial porque é feita por nós, depende de seres humanos para ser programada, para se fazer curadoria e para uma série de funções que não são automatizáveis”, declarou.

O cientista indicou, ainda, que o cérebro humano nunca será simulado ou superado por algum sistema digital. “O cérebro não vive de computações digitais, ele é um computador orgânico. Ele computa com a sua matéria, a sua estrutura. O cérebro de cada um de nós jamais será igual ao próximo, porque é um livro irreproduzível. A nossa história depende de uma sequência quase infinita de eventos aleatórios que jamais vão se repetir na história do universo”, salientou.

Além de professor e pesquisador, Nicolelis é autor dos livros Muito além do nosso eu: a nova neurociência que une cérebros e máquinas - e como ela pode mudar nossas vidas; Made in Macaíba – a história da criação de uma utopia científico-social no ex-império dos Tapuias; O Cérebro Relativístico – como ele funciona e por que ele não pode ser simulado por uma Máquina de Turing; e O verdadeiro criador de tudo - como o cérebro humano esculpiu o universo que nós conhecemos.

O acesso ao Fórum de Inteligência Artificial foi gratuito, mediante entrega de alimentos não perecíveis ao Banco de Alimentos de Novo Hamburgo. Foram arrecadados, ao final do evento, mais de 2,5 toneladas de doações.

 

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