Ponto de coleta em Parobé. Crédito: Jenifer Panizzon
Com a proximidade do Dia Mundial da Água, poluição causada pelos plásticos é preocupação ambiental na região do Vale do Sinos
Os impactos causados pelos resíduos plásticos no meio ambiente ainda precisam ser melhor discutidos, uma vez que os microplásticos (pequenas partes de plástico menores que 5mm) estão em todos os lugares e em quantidades muito maiores do que podemos imaginar. Essas micropartículas podem estar na água, no solo, no ar e nos alimentos. Com a proximidade do Dia Mundial da Água (comemorado em 22 de março), a poluição causada pelos plásticos é uma preocupação ambiental na região do Vale do Sinos.
Por já terem sido encontrados em diversos ecossistemas (aquáticos e terrestres), a pesquisa de mestrado da bióloga Jenifer Panizzon teve como objetivo avaliar a presença de microplásticos no Rio dos Sinos. Foram coletadas, ao longo de 2019, amostras de água e sedimento em três pontos do rio: em Caraá, Parobé e Sapucaia do Sul. O trabalho Microplásticos no Rio dos Sinos: ocorrência e caracterização química, realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, foi orientada pela professora Vanusca Dalosto Jahno, pelo professor Günther Gehlen, ambos da Feevale, e pela professora Paula Sobral, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, de Portugal.
Os resultados do estudo mostram que os microplásticos estão presentes no meio ambiente, pois foram detectados nas amostras coletadas nos três pontos. A maioria dos resíduos encontrados foram fibras, geralmente provenientes de tecidos, como as roupas. “Quando manuseamos ou lavamos uma peça de roupa, essas microfibras sintéticas se soltam e podem ser transportadas via descarga de efluentes e pelo ar por longas distâncias, pois são muito leves”, explica Jenifer. Outros produtos que liberam fibras são utilizados na agricultura e na pesca, como sacos e redes. Também foram encontrados fragmentos de filmes, que provavelmente faziam parte de plásticos maiores.
Fibra azul e verde encontrada em Caraá. Crédito: Jenifer Panizzon
A pesquisadora explica que essas micropartículas não são retidas nos processos de tratamento convencionais. Acabam, portanto, retornando ao meio ambiente, podendo causar danos aos organismos e mesmo à saúde humana, seja pela ingestão, seja pelo contato com substâncias químicas (aditivos) que são utilizados nos processos de fabricação dos produtos, entre outras formas de contaminação. “Não se sabe, ainda, os reais efeitos desses contaminantes no nosso corpo, mas estudos já encontraram microplásticos em pulmões e placentas humanas. Não sabemos se passam pelo nosso organismo sem causar nenhum efeito, ou se podem se acumular e causar lesões ou inflamações. Pesquisas ainda estão em andamento para entender melhor essa interação”, pontua Jenifer.
Por ser um problema ambiental muito complexo, é necessário que haja esforços conjuntos para reduzir esta poluição.
As indústrias liberam microplásticos, mas nós também geramos microplásticos no nosso dia a dia, na nossa casa. Essas informações que precisam chegar até a população. Nesse sentido, elaborar campanhas alternativas de sensibilização através da educação ambiental é de extrema importância”, afirma a pesquisadora.
Jenifer, agora doutoranda, dá algumas dicas do que se pode fazer. Confira:
- Reduzir o consumo de plástico sempre que possível
- Não descartar ou dispor resíduos ou materiais plásticos no meio ambiente
- Criar um diálogo com as partes responsáveis, como o setor público, o industrial, o acadêmico e o civil
- Investir e desenvolver tecnologias para o tratamento desses poluentes
- Pensar em estratégias de gerenciamento de resíduos que consigam, de fato, evitar que sejam gerados mais microplásticos, entre outras ações.