Palestra de abertura do Inovamundi aponta como lidar com desastres climáticos no futuro | Universidade Feevale

Palestra de abertura do Inovamundi aponta como lidar com desastres climáticos no futuro

07/11/2024 - Atualizado 15h59min

Nesta quarta-feira, 6, professor e pesquisador Fernando Fan apresentou desastre climático de 2024 no Rio Grande do Sul pela perspectiva da ciência

Fernando Fan 1

Uma análise da ciência no passado, presente e futuro, a partir da experiência de pesquisadores durante o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul foi apresentada na palestra de abertura do Inovamundi 2024. O evento de ciência e inovação da Universidade Feevale, que chega à sua 16ª edição, teve início nesta quarta-feira, 6, no Teatro Feevale, e segue até 14 de novembro. O objetivo é estimular a produção, a divulgação e a discussão dos conhecimentos científicos, tecnológicos e sociais desenvolvidos por estudantes de todos os níveis de ensino.

Durante a abertura, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Feevale, Fernando Spilki, destacou que já foram apresentados, em todas as sessões do Inovamundi ao longo dos anos, mais de 17 mil trabalhos. “Em uma região como a nossa, com universidades jovens - assim como a Feevale -, é muito bacana imaginar que tantos alunos participaram dessa aventura de produção de conhecimento. O nosso modelo de ensino e de desenvolvimento das pessoas conta com esse contingente importante”, pontuou.

Nesse ano, o Inovamundi contará com 1.075 apresentações científicas nas mais diversas áreas do conhecimento, oriundas da Feevale e de diversas instituições do Estado, do Brasil e de seis países. O número de trabalhos inscritos chegou a 1309. Em sua fala, o reitor José Paulo da Rosa enfatizou a importância da valorização da pesquisa e da ciência.

É um trabalho relevante que vocês desenvolvem, que caracteriza o propósito da educação superior, de envolver ensino e pesquisa, procurando ajudar a sociedade e o mundo do trabalho a solucionar problemas e a encontrar soluções”, afirmou.

Spilki Inovamundi

Reitor Inovamundi

Papel da ciência antes, durante e depois do desastre

O professor e pesquisador Fernando Mainardi Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi o ministrante da palestra Desastre climático de 2024 no RS: a ciência no passado, presente e futuro. Ele dividiu sua fala em três etapas, inicialmente destacando os fatores que levaram até a ocorrência das cheias de maio. Em seguida, apontou como a ciência pode contribuir num contexto de desastre. Por fim, indicou formas de lidar com futuras cheias e outros desastres ambientais.

Segundo Fan, o desastre foi gerado pela combinação da topografia das áreas afetadas, o fenômeno atmosférico do período e o gigantesco volume de chuvas que atingiu o Estado. “Chegamos à conclusão, observando os dados históricos de todo o Brasil, que essa foi, considerando o tamanho da área afetada, a maior chuva que já aconteceu no país. Um novo recorde foi estabelecido”, afirmou, apontando que esses mesmos dados indicam que as cheias vêm aumentando ao longo dos últimos 35 anos.

O Sul do Brasil, segundo projeções de mudança climática, vai passar por um aumento da ocorrência de cheias. Elas serão maiores, mais fortes e mais frequentes. Aparentemente, o evento desse ano tem tudo a ver com essa projeção que está em andamento”, sugeriu.

Para indicar as formas com que a ciência pode contribuir em contextos de desastres, o professor apontou algumas das ações desenvolvidas pelos pesquisadores do IPH durante a enchente. Dentre elas, destacam-se a elaboração de mapas de perigo e de movimentos de massa, que indicaram as áreas que seriam inundadas na hipótese de falhas do sistema de proteção contra cheias e locais suscetíveis a deslizamentos; coleta e análise de amostras de água; levantamento de dados em campo; medição de vazão das águas; e publicação de nota técnica apontando os critérios para reconstrução de infraestrutura com base em mudanças climáticas.

Fernando Fan 2

Para finalizar, Fan indicou formas de enfrentamento a futuros desastres e prevenção dos riscos. Para ele, os processos, em ordem de menor a maior prioridade, seriam: medidas estruturais; medidas não estruturais; sistemas de previsão; dados básicos; e pessoas e instituições.

A menor prioridade seriam as medidas estruturais, como construção de barragens e diques, porque elas são muito caras. A gente constrói e precisa ficar mantendo, senão elas falham. E essas medidas também podem trazer uma falsa sensação de segurança, porque se elas não estivesses ali, talvez ninguém tivesse construído infraestrutura no local e o dano não seria tão grande”, afirmou.

Por outro lado, para o pesquisador, as pessoas e as instituições são fundamentais, porque o acesso ao melhor sistema de alerta de cheias, por exemplo, é irrelevante diante da falta de profissionais para operá-lo ou comunicar as informações. “Antes de eu ter o melhor sistema de alerta, o software mais avançado, o melhor equipamento de coleta de dados, o melhor dique de proteção ou a melhor infraestrutura, eu tenho que ser melhor. E a gente é melhor com instituições mais fortes, equipes mais capacitadas e mais ciência contribuindo para esse tema”, finalizou.

Fernando Mainardi Fan é graduado em Engenharia Ambiental, além de mestre e doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, tendo realizado doutorado-sanduíche na Universität Duisburg-Essen, na Alemanha. Professor adjunto do IPH e pesquisador bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ele possui experiência com sistemas de informação geográfica (SIG), geoprocessamento, estudos hidrológicos, simulação hidrológica, previsão de vazões, estudos e modelagem de qualidade da água e estudos de águas subterrâneas e sedimentos.

Atividades científicas do Inovamundi

  • Seminário de Pós-graduação (SPG) – 7 a 9 de novembro: divulgação de pesquisas da pós-graduação lato (especialização e MBA) e stricto sensu (mestrados e doutorados)

  • Feira de Iniciação Científica (FIC) – 11 a 14 de novembro: apresentação de pesquisas de estudantes de graduação

  • Salão de Extensão (SE) – 11 a 14 de novembro: socialização das ações voltadas à comunidade, produzidas pela Extensão Universitária

  • Feira de Iniciação à Pesquisa (FIP) – 9 de novembro: divulgação de pesquisas realizadas por estudantes da educação básica

*todos os horários e locais das apresentações poderão ser consultados no site www.feevale.br/inovamundi

 

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