Estudo realizado pela Universidade Feevale, em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica, também indica uma possível nova linhagem do Sars-Cov-2 no Estado
Análises preliminares realizadas a partir de amostras coletadas no Rio Grande do Sul, no início de dezembro, indicam a presença, na proteína S, da variante E484K, mesma mutação do coronavírus identificada no Rio de Janeiro no mês passado, para a qual se investiga que pode haver perda na ligação de anticorpos específicos. O estudo é realizado por pesquisadores que atuam no Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale (Novo Hamburgo-RS) e no Laboratório de Bioinformática (Labinfo) do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Os pesquisadores estão finalizando a análise do genoma completo de 92 amostras virais de circulação recente no Rio Grande do Sul, onde também descrevem uma possível nova linhagem do Sars-Cov-2 circulante no Estado e a sua dispersão para outras regiões do Brasil.
Com o objetivo de colaborar com a comunidade científica no enfrentamento da Covid-19, os genomas sequenciados foram depositados em bases internacionais e em breve a caracterização dessas amostras serão descritas em publicação científica de amplo acesso”, afirma o professor Fernando Spilki, que é coordenador do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale e da Rede Corona-ômica-BR, iniciativa da Rede Vírus, do MCTI, da qual fazem parte os dois laboratórios envolvidos na pesquisa.
Spilki e a coordenadora do Laboratório de Bioinformática do LNCC, Ana Tereza Vasconcelos, ressaltam que estão adiantando essas informações da análise do genoma para alertar as autoridades sanitárias, visto que os estudos e, inclusive, eventuais dispersões da Covid-19, são extremamente importantes para a segurança de todos. “A crescente diversidade genética do Sars-Cov-2 encontrada nesse estudo e em trabalhos recentes no Brasil reitera a importância da constituição de redes de sequenciamento e análises genéticas colaborativas para a realização de vigilância genômica”, alertam os pesquisadores, lembrando da necessidade de investimento em pesquisa e formação de recursos humanos, de forma contínua, para o enfrentamento dessa pandemia e de futuros desafios de saúde pública no país.