Ações já beneficiaram mais de 100 estrangeiros, que participam de oficinas e atividades de inserção social
O projeto social Centro de Educação em Direitos Humanos (Ceduca DH), desenvolvido pela Universidade Feevale desde 2016, vem atuando no acolhimento e inserção social de estrangeiros residentes na área de abrangência da Instituição. Para auxiliar migrantes no processo de adaptação em um novo país, são realizadas diversas ações, como oficinas de língua portuguesa, atividades de acolhimento, atendimento jurídico e psicológico e oficinas de realidade e cultura brasileira. O projeto promove, também, atividades destinadas à comunidade sobre o conhecimento e combate à xenofobia.
A professora do curso de História da Feevale e coordenadora do projeto, Márcia Blanco Cardoso, explica que o Ceduca DH possui diversas vertentes. “Além de atuar com os estrangeiros, o nosso projeto tem um outro braço que é ligado à formação, seja sobre o tema da migração, dos direitos humanos ou sobre as questões de documentação. Fazemos formações em escolas, onde acompanhamos a condução da aprendizagem de crianças estrangeiras ou filhos de estrangeiros”, destaca. O projeto atua, também, no Instituto Penal de Novo Hamburgo (IPNH), oferecendo oficinas com o intuito de contribuir com a ressocialização das pessoas privadas de liberdade.
O projeto já atendeu mais de 100 estrangeiros vindos de diversos países, como por exemplo, Haiti, Cuba, Venezuela, Rússia e Egito. Segundo Márcia, o Ceduca DH foi idealizado em um momento em que o processo de migração contemporânea tinha aumentado em função dos grandes eventos nacionais. “Tínhamos muitas pessoas chegando na região e diversas situações de violência acontecendo. A Universidade é um espaço fundamental para se pensar nessas questões e fazer acontecer soluções. É necessário que sejamos agentes de mudança. Temos que receber e ajudar os migrantes e, também, instruir a nossa comunidade para que faça o mesmo. Devemos, como um todo, pensar nessa realidade e entender os processos”, explica. Segundo ela, o grande diferencial do projeto é, para além das ações, os vínculos criados. “Nós fazemos grandes amigos. As pessoas que participam não saem do projeto, elas continuam conosco de alguma forma. As relações de afeto e acolhimento que se estabelecem aqui dentro são muito fortes e importantes”.
Segundo o reitor da Universidade Feevale, Cleber Prodanov, o projeto social contribui para uma sociedade equilibrada e livre de preconceitos. “Enquanto Universidade, devemos proporcionar oportunidades que ajudem a comunidade. Esse projeto é essencial para que os migrantes se sintam acolhidos e para que a sociedade respeite, cada vez mais, as diferenças”, explica.
Mudança de vida
Olwith Lindor chegou no Brasil em 2016, vindo do Haiti e participou do projeto em 2016, 2017 e por um período de 2018. Quando chegou no Brasil, não sabia falar português e tinha dificuldades em entender a cultura e os eventos do país. “Era complicado para nós. O projeto nos ajuda a entender os nossos direitos e deveres aqui. Também tive ajuda na procura de emprego e no idioma, o que foi um grande passo na minha vida”, destaca.
Nos primeiros meses de adaptação, Lindor trabalhou em uma gráfica e, posteriormente, com o suporte do projeto, teve a oportunidade de seguir o sonho de ser atleta de patinação no gelo. Há cerca de um ano, ele se mudou para os Estados Unidos, onde se tornou o primeiro patinador no gelo haitiano a se juntar ao elenco do espetáculo Disney On Ice, produzido pela Feld Entreteniment, sob contrato com a The Walt Disney Company. “O Disney On Ice me proporciona a oportunidade de viajar bastante com os shows, mas eu costumo falar que, graças ao acolhimento do projeto, quando volto ao Brasil sinto que estou voltando para casa”, destaca.
Como participar
Interessados em participar das atividades do projeto devem entrar em contato pelo e-mail mcardoso@feevale.br ou pelo Instagram @ceducadh.feevale. Há a possibilidade, também, de comparecer aos encontros semanais que ocorrem às quartas-feiras no Câmpus I da Universidade Feevale (Av. Dr. Maurício Cardoso, bairro Hamburgo Velho, Novo Hamburgo), às 20h, para preenchimento da ficha de participação.