Em comemoração ao Dia do Professor e ao Dia do Auxiliar Administrativo, a Universidade Feevale realizará nesta quinta-feira, 15, às 17h, uma live com o reitor Cleber Prodanov. E no dia dedicado àqueles que desempenham um importante papel no processo educativo, confira, abaixo, o artigo do reitor – Educação vale a pena – publicado, originalmente, na edição de 12 de setembro do jornal ABC.
Educação vale a pena
Em momento algum tive dúvidas se estudar e ter uma educação formal valeria a pena. Sempre acreditei que a educação é um bem precioso e algo que não perdemos com uma crise, um assalto, um golpe ou, ainda, com o desenvolver da nossa vida. Para motivar as pessoas a estudar podemos usar os mais variados argumentos, desde a possibilidade de ascensão social, construção de um patrimônio material e status, até uma vida mais confortável e segura.
Uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vem comprovar, com dados internacionais, quão importante é a educação para o desenvolvimento das pessoas. A pesquisa da OCDE, que é formada por 38 países, especialmente aqueles com maior desenvolvimento econômico e humano, envolveu, ainda, outras oito nações: China, Rússia, Índia, África do Sul, Arábia Saudita, Indonésia, Argentina e Brasil. A organização procurou analisar o impacto da educação na vida das pessoas, especialmente no que se refere à renda e empregabilidade.
No caso do Brasil, quem consegue concluir seu curso superior tem uma remuneração em média 144% acima daqueles indivíduos que terminaram apenas o ensino médio. A situação fica mais discrepante com a comparação feita com aqueles que não chegaram ao fim do ensino médio com os graduados. Nesse caso, a remuneração dos diplomados em cursos superiores é maior ainda, chegando a 258%. Dentro desse grupo, o Brasil é o país com a maior diferença salarial por nível de escolaridade e aquele onde o diploma superior possibilita a maior vantagem salarial; já quem não continua a estudar, perde salário e empregabilidade. Como curiosidade, a Finlândia é o país que tem a menor diferença nesse item da pesquisa.
A vantagem dos brasileiros que possuem um diploma superior está muito acima do que acontece nos países que integram a OCDE. No caso da empregabilidade, isso também se expressa positivo para os graduados, que atingem 83% entre os mais jovens e 90% entre os mais maduros. O Brasil também é o país onde existe a menor participação de estudantes em ensino profissionalizante. Nesse quesito, são apenas 4% dos brasileiros frente a uma média, dentro da OCDE, de 21%. Na Estônia, mais de 35% dos estudantes seguem um curso profissionalizante, a maior média do bloco.
Esse seria apenas mais um estudo para apontar as diferenças do Brasil em relação ao mundo, mas aqui não trato apenas desse problema. Trago essa reflexão para que, mesmo diante de uma realidade cruel, esses dados possam incentivar as pessoas a continuar seus estudos. Creio que esse ato muitas vezes traz um sacrifício pessoal e das famílias e tem um grande poder transformador para o cidadão e o país. Infelizmente, as diferenças internas são brutais, mas, apesar dessa diversidade, surge mais um argumento para incentivar e motivar as pessoas, que não é reforçar a desigualdade, mas chamar a atenção de que estudar é um bom negócio.
Cleber Prodanov
Reitor da Universidade Feevale