Cada vez mais em alta, os alimentos orgânicos, que são cultivados de forma livre e sem o uso de agrotóxicos, ainda deixam de chegar às mesas de diversas famílias brasileiras. Assim, com o objetivo de incentivar a agricultura familiar e proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida de funcionários, alunos e, também, da comunidade, a Universidade Feevale promove, nesta quarta-feira, 28 de novembro, a Feira do Produtor Rural. O evento, que é aberto ao público, acontecerá na Rua Coberta do Câmpus II, entre 14h e 19h.

Promovida pelo Departamento de Marketing, em parceria com o Instituto de Ciências da Saúde, a atividade ofertará dezenas de variedades de alimentos, de hortaliças a produtos de modo geral – sem o uso de conservantes, bem como compotas, biscoitos etc. Os produtos que serão comercializados são oriundos da produção de duas famílias do bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo.

Conhecido pelas suas paisagens naturais e pelo forte turismo na região, Lomba Grande ocupa dois terços da área territorial hamburguense. No bairro rural, que fica a 15 km do centro, duas famílias trabalham, há quase três décadas, com um importante modelo de desenvolvimento sustentável e que é uma alternativa para a geração de renda: a agroindústria familiar.  

O primeiro caso é de Ilsa Maria da Silva, de 68 anos, e do seu esposo Mário Inácio da Silva, de 76. Na sua propriedade, na localidade de Morro dos Bois, eles produzem diversas variedades de alimentos, desde pães, biscoitos e compotas, até embutidos e produtos defumados, para serem comercializados nas diversas feiras da região. “Com o passar do tempo, fomos evoluindo nossa forma de comercializar os produtos. Começamos vendendo em uma carroça, em que íamos de casa em casa. Depois de um tempo, em 1989, já incorporados à Feira do Produtor de Novo Hamburgo, ampliamos a nossa forma de trabalho”, explicou a produtora.

A poucos quilômetros ali, encontra-se a chácara do hortigranjeiro Alfredo Strack, 59 anos. Ali, ele produz mais de 70 tipos de verduras, legumes, frutas, chás e flores, contando com o auxílio da família. “Sou natural da região e sempre tive a influência dos meus pais na agricultura. O início de cultivo de hortaliças se deu há 30 anos, quando eu ainda trabalhava na área da metalurgia. Produzíamos as hortaliças em casa eeu comercializava, como um hobbie. Mas isso se fortaleceu com a chegada da Feira do Produtor na cidade. Na época, foi uma oportunidade de abertura de mercado e vimos que isso, realmente, deu certo”, disse.

Strack comenta, ainda, que a produção é feita, sempre, com plantas da época. “Procuramos trabalhar com as culturas principais da estação, como repolho, couve-flor, alface, rúcula, entre outras com que se trabalha o ano inteiro. Além delas, também existem aquelas que estamos cultivando no verão, como pepino, abobrinha, tomate, quiabo. Então são culturas regionais que trabalhamos sem alterar a questão climática, sem o uso de estufas” conclui. A coordenadora do curso de Nutrição e uma das idealizadoras da feira, professora Cláudia Denicol Winter, comenta sobre o quão importante é criar essa aproximação entre o público acadêmico e a comunidade, com os produtores. “Esse produto traz uma qualidade excelente para a alimentação. São artigos que, além de serem saudáveis, são isentos de agrotóxico. Então, estamos oferecendo um alimento com todos os nutrientes que as pessoas precisam”, destacou.