Rede Corona-Ômica BR-MCTI divulgou informe com resultado de análises realizadas no Laboratório de Microbiologia Molecular da Feevale
Nova análise divulgada em informe da Rede Corona-Ômica BR-MCTI, integrante da Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), revelou que a variante Delta (21A) do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, foi encontrada em 25,88% das amostras de 12 cidades* do Rio Grande do Sul. Por meio do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, foram identificados e sequenciados 86 genomas completos de SARS-CoV-2 de amostras coletadas em 12 cidades do estado do Rio Grande do Sul e de amostras coletadas de viajantes coletadas no Aeroporto Salgado Filho, em colaboração com a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre. A idade dos pacientes variou de 10 a 93 anos, e 51 amostras eram de pacientes do sexo feminino.
Foram analisadas amostras tomadas entre 15 de junho a 9 de agosto. A análise geral revelou uma predominância de amostras da variante Gamma (20J, V3, 75,29%) contra 25,88% da variante Delta (21A), conforme a ferramenta Nextclade. A análise pormenorizada, utilizando a ferramenta Pangolin na sua versão 3.1.11, revelou a seguinte distribuição em linhagens: P.1, 56 amostras; P.1.7, 5 amostras; P.1.2, 2 amostras; P.1.8, uma amostra. Já no caso da variante Delta, foram observadas 12 amostras na linhagem B.1.617.2; 9 amostras de AY.4; e uma amostra de AY.12.
Delta apareceu no Estado antes do que se pensava
Entre os fatos mais relevantes, se destacam o achado de dois casos da linhagem B.1.617.2 a partir de amostras coletadas em 17 de junho no município de Garibaldi/RS. Isso se deu antes, ainda, das primeiras notificações da variante Delta no estado do RS. Outros achados podem ser destacados:
- das 11 amostras coletadas na segunda quinzena de junho, 4 foram positivas para a variante Delta (36,66%) e 7 para a variante Gamma;
- das 65 amostras analisadas coletadas no mês de julho, 13 (20%) foram classificadas como variante Delta, contra as 52 amostras restantes da variante Gamma e seus ramos derivados;
- das 10 amostras mais recentes, coletadas no mês de agosto, 5 amostras (50%) pertencem à variante Delta.
- dentre as amostras analisadas, 8 eram provenientes de viajantes cujos suabes nasais foram coletados no Aeroporto Salgado Filho, na chegada a Porto Alegre. Seis das amostras foram positivas para a variante Gamma (P.1), uma para a linhagem derivada P.1.7 e outra amostra, de uma passageira oriunda do Rio de Janeiro, positiva para a linhagem AY.4 derivada da variante Delta.
- a variante Delta e linhagens derivadas desta foram encontradas em pacientes coletados nos municípios de Canoas, Estância Velha, Garibaldi, Novo Hamburgo e Porto Alegre.
- apenas seis das 86 amostras eram oriundas de indivíduos vacinados, estando envolvidas nestes casos as linhagens AY.12, B.1.617.2 (Delta), P.1.7 e P.1 (Gamma).
De acordo com o virologista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão e coordenador da rede Rede Corona-Ômica BR-MCTI, os dados corroboram os achados recentes encontrados em outros estados brasileiros de uma continuada evolução e diversificação da variante Gamma, bem como de uma ocorrência crescente da variante Delta.
É preciso ressaltar que a vigilância constante da circulação e distribuição relativa das diferentes variantes é uma ferramenta importante para o enfrentamento da pandemia. Precisamos, portanto, continuar monitorando continuamente as variantes, principalmente a Delta”, afirma Spilki.
*Amostras provenientes de: Alvorada (1), Campo Bom (3), Canoas (31), Estância Velha (1), Esteio (1), Garibaldi (16), Minas do Leão (1), Novo Hamburgo (14), Porto Alegre (11), Quaraí (1), São Sebastião do Caí (1) e Sapucaia do Sul (1), além de viajantes de outros estados. Os genomas obtidos no presente estudo devem ser depositados em bases internacionais nos próximos dias.