11/09/2014 - Atualizado 14h
Professor e pesquisador João Carlos Jaccottet Piccoli explica como se pode envelhecer com qualidade de vida


De acordo com indicadores sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida para a região sul do País é de 75,49 anos. No Rio Grande do Sul, atualmente 733.087 pessoas possuem mais de 65 anos, representando 9,3% da população do Estado. Esses percentuais foram confirmados em microescala no município de Ivoti, alvo de uma pesquisa que finalizou em 2010, sob a coordenação do professor do curso de Educação Física João Carlos Jaccottet Piccoli. Entre outros dados, a pesquisa constatou que 95% das pessoas acima de 65 anos foram consideradas insuficientemente ativas (na classificação da atividade física através dos METs*-min/semana) e 51% encontravam-se com sobrepeso ou obesidade. Foi avaliada uma amostra de 202 indivíduos.
Para o professor Piccoli, a partir de dados como esses a atenção deve se voltar para todos os processos que propiciem o envelhecimento ativo, que é a otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança. O objetivo é melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. “A ideia é buscar um estilo de vida saudável que envolva equilíbrio, harmonia e integração entre as dimensões da qualidade de vida, que são: física (manter o corpo saudável e livre de doenças); social (interdependência com outras pessoas); emocional (capacidade de lidar com os sentimentos e gerenciar o estresse); e espiritual (significado e propósito na existência)”, afirma.
* Equivalente Metabólico da Tarefa (MET, na sigla em inglês). Média de referência populacional em consumo de oxigênio por quilo, peso e minuto.
O envelhecimento ativo significa:
- aumentar a expectativa de uma vida saudável;
- manter a autonomia e a independência, mantendo a capacidade funcional e praticando, pelo menos, 30 minutos de atividade física moderada, cinco dias por semana, sob a orientação de um profissional de Educação Física;
- participar de grupos de convivência de terceira idade, em que são oferecidas atividades que possibilitam a integração do corpo, mente e emoção do idoso por meio de um trabalho que respeite as diferenças individuais, resgate a autoestima e o poder pessoal, e capacite para viver de forma mais independente;
- evitar ou adiar o aparecimento de doenças crônicas;
- desenvolver políticas sociais de saúde;
- buscar o apoio do mercado de trabalho e educação;
- buscar uma alimentação saudável e equilibrada, evitando gorduras e consumindo frutas e verduras (de preferência, cinco porções ao dia) e alimentos ricos em fibras;
- não fumar e evitar ambientes em que se fume;
- evitar ingerir bebidas alcoólicas em excesso;
- procurar o médico regularmente para uma avaliação de saúde;
- cultivar uma boa relação com a família e amigos, com uma interação positiva no dia a dia;
- ter sentimentos positivos em relação a si mesmo e à sua vida;
- procurar um sentido para a existência;
- ter objetivos realistas para a vida.
Benefícios
- aumento na expectativa de vida, isto é, 7 a 12 anos extras de vida saudável e produtiva;
- incapacidade crônica pode ser retardada por 7 a 12 anos;
- morbidade grave se reduz em 75%.
Pesquisa continua no Vale do Sinos
A pesquisa Envelhecimento e qualidade de vida: um estudo em municípios selecionados da região do Vale do Sinos, RS (Novo Hamburgo, Estância Velha e Campo Bom) está em andamento. Seus objetivos são avaliar o nível de atividade física dos participantes do estudo, bem como seu estado nutricional por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), além de traçar o perfil alimentar do grupo investigado por Inquérito de Frequência Alimentar (IFA) e recordatório alimentar. A coleta já foi finalizada em Novo Hamburgo e Estância Velha e continua em Campo Bom.