Keila Rosa Ferreira, pesquisadora do mestrado em Administração da Universidade Feevale, conduziu estudo de dois anos no Núcleo das Mulheres Empreendedoras da CDL de Novo Hamburgo
Uma pesquisa do mestrado em Administração da Universidade Feevale avaliou, durante dois anos, o Núcleo das Mulheres Empreendedoras (NME) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH). Durante esse período, a pesquisadora Keila Rosa Ferreira, orientada pela professora Maria Cristina Bohnenberger, realizou o estudo A colaboração como alternativa para minimizar as barreiras encontradas pelas mulheres empreendedoras: um estudo de caso do Núcleo da Mulher Empreendedora do CDL-NH, no qual destacou a importância do NME como modelo para o empreendedorismo feminino.
Apresentado recentemente em evento do NME para cerca de 60 mulheres, o estudo identificou características peculiares ao empreendedorismo feminino presentes no grupo – tais como ajuda mútua, apoio, incentivo, troca de experiências, suporte emocional – que minimizam o impacto das barreiras para empreender no Vale do Sinos. “Também identificamos que as ações do grupo podem ser divulgadas, de diversas formas, para incentivar outras mulheres a empreender”, destaca Keila.
A partir da coleta de dados e entrevistas com as empresárias, o estudo sugere a implementação de algumas ações para gerar maior engajamento de novos membros, como uma ação estruturada de boas-vindas. Vídeo institucional e outros materiais que gerem vínculo imediato também são cogitados, de forma que fortaleça o suporte oferecido às novas participantes. A autora da pesquisa aponta, ainda, dois pilares de sustentação para o sucesso do NME, que são a motivação das empresárias participantes e o reconhecimento desse trabalho por parte da diretoria da CDL-NH, que pode ser observado pela expressão deste grupo na entidade – que já conquistou uma diretoria e uma galeria de fotos das embaixadoras e coordenadoras.
Principais barreiras ao empreendedorismo feminino
Na fase da pesquisa teórica, foram identificadas mais de 60 barreiras para o empreendedorismo feminino. Essas dificuldades foram agrupadas em oito segmentos diferentes: família, financeiro, habilidade/comportamento, igualdade de gênero, legislação, políticas públicas, suporte das instituições e tecnologia. “A pesquisa identificou que a principal barreira enfrentada pelas mulheres entrevistadas é o networking (que integra a dimensão habilidade/comportamento). Talvez seja o caso de realizar nova pesquisa com as outras mulheres que fazem parte do NME para verificar quais são as barreiras apontadas por elas e, a partir desses dados, fazer um planejamento de ações que poder minimizá-las”, pontua a pesquisadora.
A pesquisadora afirma ainda que, para superar a barreira do networking, além de tudo o que as empreendedoras já fazem, que já é bastante, seria importante criar um modelo de mentoria entre as empresárias mais experientes e as menos experientes. “Essa solução foi apontada em um dos estudos descritos na pesquisa, e é uma maneira de capacitar as novas participantes com a experiência e relatos de quem já está no mercado há mais tempo”, explica Keila.
A experiência do NME, na visão da pesquisadora, é um modelo que precisa ser compartilhado seja em palestras, treinamentos ou de outras formas, pois pode servir como inspiração para outras CDLs. “É um momento de negócios e, ao mesmo tempo, de descontração para as empresárias”, sustenta. “É nesse momento, enquanto fazem suas conexões, que elas têm um tempo para descontrair e fazer networking”, avalia.
Maria Cristina Bohnenberger, professora e pesquisadora do mestrado em Administração da Feevale e orientadora da pesquisa de Keila, destaca a importância do estudo para o desenvolvimento do empreendedorismo no Vale do Sinos. “Essa pesquisa, especificamente, demonstra a força de um trabalho coletivo que é construído com base na colaboração. Além disso, é preciso reforçar a importância da parceria entre a Universidade Feevale e o NME/CDL, gerando benefícios mútuos que refletem no desenvolvimento da região”, enfatiza.
Para a coordenadora do NME, Raquel Bomm Tomm, participar desse estudo foi uma grande oportunidade de identificar barreiras impostas ao empreendedorismo feminino e, ao mesmo tempo, encontrar formas de solucioná-las. “O trabalho é de grande valia e as mulheres que assistiram à apresentação estão encantadas com o resultado. Sem dúvida, é uma ajuda valiosa para melhorarmos ainda mais nosso desempenho”, conclui.